Justificativa
No período em que vivemos, as atividades antrópicas passaram a exercer o domínio sobre muitos processos superficiais, aumentando o escopo, natureza e magnitude das alterações antrópicas no planeta, modificando as interações entre os compartimentos bióticos e abióticos e comprometendo os ecossistemas costeiros e oceânicos. Estressores e pressões antrópicas transformam a paisagem, alteram os grandes ciclos biogeoquímicos, a estrutura dos ecossistemas e, como estes interagem com a atmosfera, sistemas aquáticos e ambientes continentais. Consequentemente, a transferência de energia e matéria através do contínuo continente–oceano foi alterada, gerando importantes implicações para os ciclos biogeoquímicos, e para o funcionamento e serviços providos pelos diversos ecossistemas. O efeito das transformações antrópicas na paisagem varia em escalas de tempo e espaço, a depender do estressor e magnitude do impacto. Impactos antrópicos de larga escala, como o aumento de emissões de gases estufas, geram efeitos globais, mudando padrões de precipitação, causando aumento de temperatura do ar e da água, e mudança na capacidade dos oceanos em absorver CO2, com impactos em ecossistemas costeiros, terrestres e oceânicos, além de ter consequências diretas para a segurança alimentar, hídrica e bem-estar dos seres humanos. A zona costeira oferece espaços, bens e serviços essenciais aos seres humanos. A taxa de crescimento populacional nesta região é mais alta do que a média global, sendo que para mais de 50% dos países costeiros entre 80-100% da população vive em uma faixa de até 100 km da linha de costa. A gama de potenciais pressões e estressores associados às atividades antrópicas é multifacetada e causa o comprometimento da saúde dos ecossistemas e bemestar de suas populações. Neste sentido, é de vital importância trabalhar com linhas de múltiplas evidências para a avaliação da qualidade dos ambientes, o funcionamento e vulnerabilidade dos ecossistemas, visando à proteção e conservação dos corpos d’água, recursos biológicos e patrimônio histórico-cultural, bem como propor medidas efetivas para o uso sustentável dos ecossistemas costeiros e oceânicos. Nossa motivação para a submissão desta proposta está embasada na consolidação dos conhecimentos sobre o funcionamento dos ecossistemas costeiros e oceânicos, considerando as características intrínsecas dos vários PG incluídos na proposta, bem como na rede de colaboração internacional que já está em andamento ou em expansão.
Objetivo
Avaliar as fontes naturais da matéria orgânica depositada em sistemas costeiros e oceânicos
Descrição
Sistemas costeiros apresentam um importante papel no ciclo global do carbono. Estes atuam tanto como sorvedouros do carbono provindo do continente, como fonte ao oceano aberto. A matéria orgânica natural presente no ambiente marinho pode ter distintas fontes, que podem ser alóctones ou autóctones. Uma das formas de se avaliar essas fontes é através da aplicação de Marcadores Orgânicos Moleculares. Estes podem mostrar a influência de atividades antropogênicas no material orgânico depositado nos oceanos, como contaminação, eutrofização, desmatamento, atividades urbanas, etc. O POSPETRO e o Núcleo de Estudos Ambientais da UFBA têm trabalhado nessa temática através da análise de n-alcanos nas matrizes sedimentares. Estes grupos têm proposto projetos de cooperação com a Universidad de La Republica (Uruguai) para identificar diferenças nos perfis de n-alcanos produzidos pelas vegetações temperada e tropical, identificando-se razões diagnósticas que possam ser usadas para avaliar as mudanças temporais nas fontes de matéria orgânica terrígena depositada em ambientes marinhos do Atlântico Sul. Além disso, redes de cooperação internacionais realizadas entre os grupos em questão e pesquisadores do Reino Unido, Alemanha Estados Unidos e Holanda, apesar de não terem sido criadas ainda, se fazem importantes para a identificação e aplicação de novos grupos de marcadores para avaliar processos naturais e antrópicos que influenciam na matéria orgânica depositada em sistemas costeiros e oceânicos.
Países Envolvidos
- África do Sul
- Alemanha
- Austrália
- Canadá
- China
- Espanha
- Estados Unidos
- França
- Noruega
- Portugal
- Reino Unido
- Suécia